Hoje em dia, não só é comum ouvirmos falar de marca pessoal, como é natural sentirmos uma certa pressão para “apostar” num conceito que, muitas vezes, não compreendemos integralmente. Para os colegas com mais experiência, importa notar que a marca pessoal é hoje “ensinada” na faculdade, em disciplinas que cobrem o uso de plataformas profissionais como o LinkedIn, a construção de CVs e cartas de motivação, que não são nada mais que ferramentas de autopromoção para aferir o fit da pessoa-organização e os fatores que influenciam determinada candidatura (se todos querem, importa saber quem quer mais).
Em tempos, este conceito era limitado às empresas e celebridades. Agora, estende-se a profissionais e pessoas comuns, e exige de todos “necessidade de atualização”, à semelhança da proposta de Darwin. Foi precisamente o aparecimento e difusão da Internet que veio exigir que todos se tornassem profissionais criativos de marketing. Junta-se à festa a globalização, mas, mais ainda, a hiperqualificação (e.g., a urgência para novos fatores que permitam distinguir entre duas pessoas com 3 mestrados e 2 doutoramentos). Se faz parte da direção de uma clínica, não pense que o branding não serve para a sua empresa. Os efeitos de construir uma marca forte em colaboração com os seus colaboradores podem surpreendê-lo(a)!
O conceito de marca pessoal surgiu primordialmente em 1997, pelas palavras do gestor Tom Peters no artigo “The Brand Called You”. A discussão ganhou popularidade, foi trabalhada em detalhe, e apresentada em livros como “Me 2.0: 4 Steps To Building Your Future” de Dan Schawbel. Do Geocentrismo, passando pelo Heliocentrismo, ao Eucentrismo (para evitar usar o Ego), atualmente existem milhares de profissionais dedicados à “Marca Pessoal”, como o português Pedro Caramez, especialista em LinkedIn e marca.
É um dos mais importantes fatores que determina porque votamos no candidato X e não no Y, mesmo considerando as suas ideologias; porque recrutamos o candidato A em vez do B; porque seguimos este influencer e não aquele; porque nos identificamos com determinada figura pública e não com outras. Tudo isto pode ser explicado pela psicologia - desde heurísticas a fenómenos sociais.
É natural que se pergunte:
- “Porque é tão importante a marca pessoal?” - “Para que serve?” - “Faz mesmo alguma diferença?” ou ainda - “Não é arrogante promover-me?”
Pode chegar a ser frustrante: “Sou mais talentoso, porque é que aquele(a) profissional tem sempre a agenda cheia e eu não? Como posso ter sucesso num mercado que parece saturado e competitivo?” ou mesmo constituir um dilema legítimo: “Como profissional de saúde mental, é etico promover-me e aos meus serviços?”.
Talvez encontre a resposta na marca pessoal, mas para responder a algumas das perguntas anteriores, é necessário desconstruir a importância desta ideia.
Na Humaned, queremos apoiar os profissionais de saúde mental com novas oportunidades e ferramentas, nomeadamente na angariação de clientes, marketing e marca pessoal. Faça o seu pré-registo ou entre em contacto connosco.
O que é a marca pessoal e porque importa?
Pense na marca pessoal como o seu cartão de visita que oferece, seja no mundo físico ou digital. É a imagem que projeta, intencionalmente, de si mesmo. Permite dar-se a conhecer e responder a questões que os outros possam ter sobre si. Tudo culmina com aquilo que o/a torna único(a) - e que o permite não ser apenas mais um(a). O resultado da sua estratégia de marca pessoal resume-se a alcançar e demonstrar três simples, mas importantes, aspetos:
- Reputação - Autoridade - Competência
Ter uma marca pessoal consolidada é essencial para que, enquanto profissional de saúde mental, se diferencie face à concorrência e para que consiga conectar-se significativamente com os seus clientes e colegas. Imagine um guia turístico que segura uma bandeira sinalizadora que atrai outros e os orienta dada a sua autoridade e competência naquele domínio. Tal como a bandeira do guia, a sua marca pessoal é o que mostra aos outros porque motivo é o/a profissional certo(a) para os ajudar com questões emocionais e psicológicas. É o trabalho que faz e que o coloca como referência respeitada, confiável e competente na sua área de atuação.
A sua marca pessoal forma a expectativa que antecede a sua entrada numa sala cheia de pessoas, e o murmúrio estável que fica depois de a deixar
Portanto, a resposta é simples e clara: num mundo cada vez mais digital e conectado, criar uma marca pessoal forte e autêntica é essencial para estabelecer confiança e autoridade com o seu público-alvo.
Antes de avançarmos para algumas dicas e elementos em que pode trabalhar para consolidar a sua marca pessoal, e viver os benefícios que daí advêm, concluímos com duas breves notas:
Nota #1
Ao trabalhar no seu personal branding, não se deixe afetar ou bloquear pelo medo do marketing auto-promocional que pode, facilmente, ser confundido com arrogância. Procure ser genuíno(a), honesto(a) e ético(a), caso contrário poderá comprometer todo o trabalho desenvolvido.
Nota #2
Confie no processo, seja consistente, mas <u>não se deixe corromper por ilusões de grandiosidade e sucesso da sua marca pessoal.</u> À medida que começa a ver resultados deste trabalho, evite perder o foco. Recorde que a sua marca pessoal é a forma como se apresenta, como os outros o/a vêem, mas isso está sempre sujeito a mudanças. Não se deixe levar pela aparência, e lembre-se de, à medida que faz o seu próprio marketing, não negligenciar o seu desenvolvimento pessoal e o trabalho que faz para ser cada vez melhor.
Confira abaixo algumas dicas essenciais para construir ou melhorar a sua marca pessoal:
Dica #1 - Comece por si
Decidiu ser psicólogo(a). Trabalhou para isso e agora é um(a) profissional acreditado(a) para exercer. Se quer trabalhar na sua marca pessoal, deve começar por conhecer-se bem - além de saber que é psicólogo(a). Procure responder a questões como:
- De que competências ou talentos mais se orgulha? - Que competências tem curiosidade em desenvolver? - Que tipo de tarefas ou projetos o/a energizam? - Daqui a dez anos, que tipo de impacto deseja ter causado no mundo? - Que características tem em comum com as pessoas que mais admira?
Dica #2 - Construa credibilidade e confiança
Imagine um(a) psicólogo(a) que procura angariar novos clientes ou oportunidades de trabalho. Se ele(a) tiver uma presença consistente, com um website bem projetado e/ou redes sociais, depoimentos de clientes satisfeitos e artigos informativos sobre temas relevantes, certamente transmitirá uma imagem profissional e confiável para o público. <u>A ausência disso não o/a torna pior</u>, mas fazê-lo é um ponto a seu favor.
Dica #3 - Defina uma abordagem única
Cada profissional de saúde mental tem as suas próprias experiências, valores e abordagens. Ao criar um personal branding forte, pode destacar o que o torna único em relação a outros profissionais. Por exemplo, se for especialista em terapia cognitivo-comportamental para crianças, pode enfatizar a sua especialização nessa área, compartilhando estudos de caso e dicas úteis para pais no seu blog ou redes sociais. Além de lhe dar autoridade e demonstrar competência através da especialização, ajuda a afunilar o seu público alvo. Afinal de contas, preferia tratar um problema no ouvido com um médico generalista ou com um médico otorrinolaringologista?
Dica #4 - Atraia o público certo
Seguir os pontos anteriores para construir a sua marca pessoal também o/a ajuda a atrair o público que mais se identifica com sua abordagem, especialização e experiência. Ao criar conteúdos, ao comunicar os seus serviços, no seu marketing e dos seus serviços, procure personalizar a mensagem para o público-alvo. Neste âmbito, poderá ajudar construir personas - descrições de personagens fictícios que simbolizam o cliente-ideal e os seus comportamentos, para o/a ajudar a definir o seu marketing.
Dica #5 - Estabeleça uma presença consistente
Ter uma presença online forte é crucial. Através de redes sociais, blogs e outras plataformas, pode compartilhar o seu conhecimento, educar o seu público e interagir com o mesmo. Isso não só fortalece a sua imagem, mas também aumenta a sua visibilidade e alcance. Procure comunicar com um tom de voz, valores e visuais consistentes e coesos. A sua comunicação deve estar alinhada com a sua personalidade, objetivos e o tipo de experiência que quer proporcionar. Cumpri-lo de forma regular e assídua é importante para criar uma identidade marcante!
Dica #6 - Ligue o pessoal ao profissional
O nível de detalhe, intimidade e partilha que tem e comunica enquanto marca é uma decisão sua e importa que se sinta confortável. No entanto, uma boa estratégia, mesmo enquanto psicólogo(a), é compartilhar a sua jornada profissional com um toque pessoal, relatando experiências, emoções e sentimentos. Não precisa de o fazer em grande detalhe, poderá navegar as tangentes de determinado assunto ou partilha sem mergulhar a fundo no tema. Uma coisa é certa: um cunho pessoal e emotivo poderá dar-lhe autenticidade. Lembre-se das suas primeiras aulas de psicologia. O seu público é humano, e os humanos são regidos por _____ .
Conclusão
Apesar de a marca pessoal ser um fator importante para o seu sucesso profissional (e pessoal, no final das contas), ela não é tudo. Procure evoluir, atualizar o seu conhecimento e desenvolver-se enquanto profissional e pessoa. Perceba o que lhe faz sentido e trabalhe com aquilo que decidiu que deve ser a sua abordagem; não tenha medo de ser “desconhecido”, mas sim de ser infeliz. E relativamente ao mercado, que lhe pode parecer altamente competitivo, sem espaço para o seu trabalho, não se preocupe - faça o que lhe compete enquanto profissional e as oportunidades surgirão.
Na Humaned, estamos a criar um ecossistema inclusivo com novas oportunidades e ferramentas para todos os profissionais e clínicas de psicologia. Junte-se a nós.
Esperamos que tenha gostado deste artigo e que o tenha achado útil para a sua carreira profissional. Se tiver alguma dúvida ou quiser compartilhar as suas experiências com o personal branding, sinta-se à vontade para entrar em contacto connosco através das redes sociais da Humaned. Estamos ansiosos para ouvir sua opinião!